Médico investigado por mortes e exploração sexual continua atuando em Manaus

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Após ser acusado por exploração sexual e trabalho infantil no início desse mês de abril, o médico Edson Ritta Honorato, de 65 anos, é alvo de outra acusação. No dia 5 de fevereiro de 2022, a jornalista e bacharel em direito, Melina Seixas Taveira, de 38 anos, morreu após quatro paradas cardiorrespiratórias, após um procedimento para colocação de balão gástrico feito pelo médico. O Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CRM-AM) declarou que apura as práticas do profissional, que continuando em Manaus.

O caso de favorecimento à prostituição e exploração de trabalho infantil praticado por Ritta Honorato foi contra uma adolescente de 16 anos. O médico chegou a ser preso no dia 5 de abril pela Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca). Apesar disso, Ritta foi solto pela justiça no dia seguinte à prisão e continua atuando na sua clínica.

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Caso Melina Seixas

Melina Seixas procurou a clínica Endograstro de Manaus, localizada no bairro Nossa Senhora das Graças, para o procedimento. O responsável pela cirurgia foi o médico Edson Ritta Honorato, que de acordo com a família de Melina, não pediu exames de risco cirúrgico e não ofereceu o suporte necessário para uma cirurgia segura.

De acordo com o depoimento do marido da vítima, Darlan Taveira Peres, que acompanhou Melina no procedimento, as informações dadas pelo médico ou pela equipe médica foram poucas e desencontradas. “Disseram que o procedimento era algo simples, e que em 30 minutos ela estaria apta para voltar para casa”, afirma Darlan.

Quando questionado pelo marido, o médico afirmou que Melina não havia acordado e que havia sofrido uma parada cardiorrespiratória. Darlan conta que a esposa foi encontrada dentro da sala de procedimento, no chão, desacordada, com os lábios e rosto roxos, sem nenhum tipo de equipamento de emergência para reanimá-la. Depois disso, as informações que chegaram à família foram somente através da equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Melina veio a falecer no mesmo dia do procedimento, por volta das 16h10. Após o falecimento, o médico não entrou mais em contato com a família até o presente momento.

Outra vítima

Já no dia 6 abril, faleceu também Alan Leite Braga, de 65 anos, após passar pelo mesmo procedimento de Melina. Segundo a família de Alan, o idoso teve uma série de complicações após a cirurgia e não recebeu orientações adequadas do médico Edson Ritta.

Alan teria voltado à clínica dias depois pedindo a remoção do balão, mas o médico teria se recusado a tirar. Após uma piora no quadro de saúde, Alan foi levado ao Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto onde foi constatada uma insuficiência renal e um rompimento no estômago. Ainda segundo a família, o médico não solicitou exames necessários antes do procedimento. As denúncias das duas mortes foram feitas no 22° Distrito Integrado de Polícia (DIP)

O que o CRM diz sobre o assunto

A equipe entrou em contato com o Conselho Regional de Medicina no Amazonas (CRM-AM) sobre quais medidas estariam realizando em relação ao assunto. Em resposta oficial, o CRM afirma que vem apurando o caso somente em relação ao que tange a atuação do médico nos procedimentos cirúrgicos.

“O Conselho Regional de Medicina do Amazonas informa que as condutas adotadas pelo Dr. Edson Ritta Honorato, em ato médico, estão sendo objeto de apuração administrativa pelo Conselho Regional de Medicina, nos termos do Código de Processo Ético-Profissional”, afirmam.

Em outro trecho, o CRM afirma que aguarda conclusão de investigação sobre supostas práticas de exploração sexual para abrir outras apurações de conduta. “No que tange à suposta prática de outros delitos, de natureza penal, só serão investigados e julgados pelo CRM, se houver notícia de sua prática durante ato médico, limite jurisdicional lhe é imposto por lei”, finalizaram.