O caso envolvendo as graves acusações feitas pela jornalista Paula Litaiff contra a empresária Cileide Moussalem segue cercado de contradições e, a cada capítulo, soa mais como um roteiro de ficção mal elaborado do que uma investigação séria. O mais recente episódio traz à tona áudios entregues pela jornalista à polícia, ainda não periciados, em que Cileide supostamente ordenaria “apenas” tiros nas pernas de Paula. Uma reviravolta intrigante, considerando que, até pouco tempo, a denúncia era de que Cileide teria ido a São Paulo para contratar pistoleiros com a intenção de assassinar Paula e suas filhas.
Fica a pergunta: afinal, qual é a verdade? A trama fala de um plano de assassinato ou de uma tentativa de intimidação? O que impressiona não é só a mudança de narrativa, mas o espaço que essa história vem ocupando como um espetáculo midiático que levanta sérias dúvidas sobre as intenções por trás das acusações.
Este caso, no entanto, não é isolado. Ele segue um padrão preocupante que começou com a prisão do jornalista Alex Braga sob acusação de estupro. De acordo com sua defesa, a investigação contra Alex teria ocultado provas e ignorado seu depoimento, resultando em sua prisão logo após as eleições. Coincidência ou não, Alex havia denunciado figuras como o então candidato a prefeitura Alberto Neto e sua vice Maria do Carmo, derrotados na disputa eleitoral. O desenrolar dessa situação levanta questionamentos sobre possíveis motivações políticas por trás das acusações e da condução do caso.
Agora, Paula Litaiff — conhecida por condenações judiciais relacionadas à disseminação de notícias falsas — surge com alegações igualmente questionáveis contra Cileide Moussalem. Enquanto Paula se posiciona como vítima de uma tentativa de assassinato, a empresária, na realidade, estava em São Paulo cuidando de seu marido após uma cirurgia. Ainda assim, seu nome foi rapidamente lançado na arena pública como suposta criminosa.
Paralelamente, portais como Cenarium, Radar Amazônico e Imediato, já condenados por propaganda eleitoral irregular e divulgação de fake news, reforçam a narrativa. Esses veículos, que se posicionaram abertamente a favor de candidatos derrotados, agora parecem dispostos a atacar opositores com acusações inconsistentes.
Esse cenário expõe não apenas a fragilidade das denúncias, mas também o uso oportunista de narrativas fabricadas para desestabilizar adversários e desacreditar a imprensa séria. A cada dia, a história ganha novos contornos: ontem era assassinato, hoje tiros nas pernas, e amanhã, o que será?
O jornalismo tem um papel fundamental na democracia, mas quando usado para alimentar interesses pessoais ou políticos, perde sua essência. Este caso é um exemplo claro de como disputas políticas e vinganças pós-eleitorais podem degradar a credibilidade da imprensa, manchar reputações e transformar a busca pela verdade em um espetáculo de manipulação e desinformação.