O último adeus ao apóstolo Rina, fundador da Igreja Bola de Neve, que faleceu no domingo (17) em decorrência de um acidente de moto, foi marcado por um episódio que expõe as complexidades humanas até mesmo em cenários de fé. O que deveria ser um momento de despedida e reverência transformou-se em palco de uma disputa pelo poder dentro de uma das maiores instituições evangélicas do Brasil.
Segundo relatos, a tensão emergiu quando a viúva, pastora Denise Seixas, foi surpreendida com a entrega de um documento de renúncia ao cargo de presidente da igreja. Esse cargo, que deveria ser automaticamente assumido por ela após a morte de Rina, tornou-se o foco de um embate inesperado. O documento, supostamente camuflado em meio a papéis relacionados ao sepultamento, teria sido apresentado por uma pessoa ligada ao advogado da igreja. Denise recusou-se a assinar, e a situação rapidamente escalou para discussões acaloradas e troca de acusações nos bastidores do velório.
Legado turbulento: Fé e Controvérsia
A morte de Rina não apenas encerra a trajetória de um líder religioso de renome, mas também ilumina as sombras de um legado conturbado. Meses antes de falecer, o apóstolo enfrentava acusações de violência doméstica, psicológica e moral feitas por Denise, que conseguiu uma medida protetiva contra ele. A Igreja Bola de Neve, que reúne mais de 560 unidades em 34 países, afastou temporariamente Rina de suas funções e abriu uma sindicância para apurar os fatos. Sua morte, no entanto, interrompeu esse processo e abriu espaço para uma disputa ainda mais complexa pela liderança.
A luta pelo comando
O episódio no velório deixa claro que a sucessão de poder dentro da Igreja Bola de Neve não será pacífica. Denise Seixas, que já enfrentou afastamentos institucionais e acusações contra seu próprio esposo, agora busca afirmar sua liderança em meio ao que parece ser uma tentativa de deslegitimá-la. Seu discurso durante a cerimônia, onde destacou o amor e os momentos difíceis vividos ao lado de Rina, foi um sinal de sua determinação em assumir o cargo e defender o legado da família.
Entretanto, o incidente levanta questões mais amplas: até que ponto a estrutura de liderança de uma instituição religiosa deve depender de figuras centrais? Como conflitos internos, geralmente associados a grandes organizações, afetam a fé e a confiança dos fiéis?
Reflexões sobre Fé e Poder
O caso não apenas coloca a Igreja Bola de Neve sob os holofotes, mas também instiga uma reflexão sobre os desafios de conciliar espiritualidade com as complexidades humanas e institucionais. A tensão no velório de Rina simboliza como o poder pode se tornar uma força central mesmo em contextos que deveriam ser regidos pela fé e pela união.
O futuro da liderança da Igreja Bola de Neve permanece incerto, mas uma coisa é clara: as disputas internas não são apenas uma questão de comando, mas também de como a comunidade religiosa será afetada por um episódio que deveria ter sido de despedida e oração, mas foi marcado pela luta pelo controle de um legado.